sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Artes plásticas- O corpo sonoro






No início da apresentação da proposta “corpo sonoro”, como esta me interessou, comecei a estruturar algumas ideias para um suposto trabalho. Daí ter apresentado a minha ideia na primeira aula deste bloco.
Tudo surgiu com uma possível associação, relativas às minhas noções quase básicas que tivera sobre música. Essas noções incidiam-se num instrumento, o piano; formação musical, ligada aos estudos do som, ritmos, tonalidades, melodias, isto é, a estruturação de um produto musical; noções de outros instrumentos, flauta, xilofones, tambores (etc.) e por fim canto coral.
O que mais me interessou foi o estudo de ritmos, baseando-me portanto nas minhas aulas de formação musical. Recordei-me de uma das aulas, em que a professora, nos apresentou uma peça respectiva apenas a ritmos, em que o objectivo seria tocarmos com palmas e com as mãos batendo num suporte (mesa); a peça tem um andamento de 4por 4, (em termos musicais, cada compasso contém 4 tempos em que a base é a semínima), a meio da peça o andamento muda para 6 por 8 (tempos mais rápidos); divide-se em dois grupos, tendo de pelo menos ter duas pessoas a tocar; é uma peça não muito difícil, contem ritmos simples, como 2 colcheias, seminimas, mínimas, 4 colcheias, semi-colcheias, duínas, tercinas, galopes, sincopas, 2 semicolcheias mais uma colcheia, pausas de seminima, de mínima e de colcheia, (etc.); em cada grupo denota-se uma outra linha divisória, que separa os ritmos realizados com palmas, e os que são batidos na mesa, respectivamente, os de cima, e os de baixo.
Nas aulas, ensaiamos os dois grupos, para termos conhecimento das mesmas, e depois uníamos as partes, fazendo um todo.
Eventualmente ter-nos-ia sido proposto apresentar em público esta peça, o que penso não ter sido concretizável, em que a professora tinha-nos referido vagamente, que seria “engraçado”, fazer algo que apenas realçasse as mãos, o elemento fulcral da peça.

Com esta importante base já pré-estabelecida, pensei que poderia concretizar o que não teria sido feito na altura em questão; depois estruturando melhor a ideia, tendo em conta a ideia da professora, para conseguir realçar as mãos, poderia utilizar luz negra, num espaço escuro, e tendo de pintar as mãos com tinta fluorescente.
Iria assim, utilizar um suporte de vídeo para registar essa acção. Em primeiro, tinha pensado tocar os dois grupos, tendo depois de unir as mesmas para criar uma única imagem; depois do vídeo realizado, tinha em mente, fazer uma performance, na faculdade, em que iria projectar o vídeo numa parede, e iria encontrar-me no centro de um determinado espaço a tocar a peça, toda vestida de preto e com as mãos pintadas, vendo à minha frente, as pautas também projectadas na parede.
Apresentei a minha proposta, na primeira aula, e recebi uma sugestão do professor, em relação a estas ideias. Esta foi apenas, de realizar o vídeo deixando a performance de lado, pois seria confuso, e teria elementos a mais; deveria cingir-me apenas na ideia inicial, e para a reprodução da peça, deveria ter a colaboração de uma outra pessoa.

Após estes esclarecimentos, tentei organizar o meu trabalho, tendo em primeiro lugar, pedido a colaboração (que foi aceite, sem hesitação), de uma amiga de longa data, Ana Moreira Aresta, que tem conhecimentos musicais muito mais aprofundados de música do que eu, visto que ainda permanece, numa escola de música, sendo assim mais fácil de tocar a peça. Foi também uma grande ajuda em relação à leitura de determinados ritmos, que já não me lembrava, ou que tinha dificuldade em toca-los como por exemplo a sincopa.
O próximo passo, seria arranjar um local para elaborar o trabalho. Recorri a uma tia minha, Lília Machado que tem uma loja de fotografia, cujo espaço possui obviamente um estúdio, todo preto. Para as filmagens, pedi a uma amiga que nos filmasse, Vânia Martins.
O que restava fazer, seria arranjar os pequenos elementos, como a luz negra, e uma tinta fluorescente.
Pedi uma opinião à Patrícia, técnica da FBAUP, em relação à imagem de vídeo.

Marquei um dia, em que todos os membros estariam disponíveis, e fizemos as gravações numa tarde.
Como a peça era longa, decidi toca-la por partes, para que não houvesse um engano, e depois tivesse de filmar de novo todo o processo já feito. Ainda tendo feito por partes, tivemos de repetir, pois enganávamo-nos, os tempos por vezes não coincidiam, ou não acabávamos em condições essas pequenas porções, ou até nos começávamos a rir. Esse aspecto nota-se na montagem do filme.
Finalmente, obtive as filmagens todas, e restava monta-las devidamente no Premiére. Tive de as passar para preto e branco, trabalhando com os contrastes, pois a tinta que utilizei para as mãos era verde, e parecíamos uma espécie de “E.T”.
Depois de ter cortado ao máximo todas as partes, e unindo-as, denotei que vendo as mãos frente a frente, estas para além de transmitirem um som coerente e que se corresponde, os gestos das mãos também se interligam. Parece que tanto o som como a imagem dão uma resposta á outra mão. Uma “fala” a outra responde.
O mais interessante, é também o facto de as mãos aparecerem de um fundo preto, de aparecerem do nada, estando ali a flutuar e a emitir sons; não se vê a mesa em que estamos a bater, apenas o reflexo das mãos na mesma, e dá-nos a sensação que aquele nada onde se bate, apesar de não se ver transmite um som diferente do das palmas. Filmaram-se vários planos das mãos, jogando talvez com certo ritmo, notam-se saltos de planos diferentes.

Ao montar então o vídeo, tive uma segunda ideia, à qual não tinha mencionado ao professor, tendo portando arriscado, sendo esta a realização de uma outra montagem, feita com partes das filmagens, que iriam “representar” os ritmos da peça. Tentei jogar o máximo possível, fazendo estas ligações, mas nessa montagem nota-se que algumas das imagens não correspondem de todo ao ritmo dado.
Por fim a ideia era juntar estas “4 mãos”, num só vídeo estando assim lado a lado, em que uma tem o vídeo normal, e do outro plano os ritmos de imagens.






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